Every Tom Hanks Movie in 7 Minutes
É um Senhor !!
Girl, Interrupted (1999) dir. James Mangold
René Burri: Picasso exhibition showing “Guernica," Palazzo reale, Milan, Italy, 1953
Nova Iorque
É muito grande, Nova Iorque. Por todo o lado há edifícios altos como casas sobre casas. É uma cidade excessiva e áspera, onde se encontram mais ângulos rectos do que em qualquer outro lugar. É também cheia de brilho e de ruído, de máquinas e corpos e milhões de verbos conjugados no presente. Uma cidade de aldeias empilhadas trazidas de longe, da Europa, de África, da Ásia, homens pobres e desesperados que dão a vida por pouco, que gastam os corpos pelas esquinas afiadas da cidade e à noite se deitam nas suas entranhas.
Quem acorda na cidade desculpa-se por ter dormido. Lá fora há já multidões que correm atrás de uma coisa qualquer que lhes diga que existem. O direito ao nome ganha-se a cada dia e não é certo, nada é certo nesta cidade. O tempo, o pouco tempo de alguns, é o avanço de quem chegou primeiro e não chega para terminar um cigarro.
Quem não sabe para onde ir vai indo sem saber para onde. A cidade empurra, a multidão empurra, a fome empurra, o desejo empurra. Quando alguém pergunta “quem és?” está na realidade a perguntar “o que fazes?”, a resposta deve ser rápida e sem hesitações, um verbo e um substantivo. Daí se escolhem afinidades ou a indiferença, nesta cidade um homem é uma máquina de fazer coisas, um verbo, uma função que prescinde de tudo o resto.
[in No meu peito não cabem pássaros, romance de estreia de Nuno Camarneiro, D. Quixote, 2011]
Girl, Interrupted (1999) dir. James Mangold
René Burri: Picasso exhibition showing “Guernica," Palazzo reale, Milan, Italy, 1953
Nova Iorque
É muito grande, Nova Iorque. Por todo o lado há edifícios altos como casas sobre casas. É uma cidade excessiva e áspera, onde se encontram mais ângulos rectos do que em qualquer outro lugar. É também cheia de brilho e de ruído, de máquinas e corpos e milhões de verbos conjugados no presente. Uma cidade de aldeias empilhadas trazidas de longe, da Europa, de África, da Ásia, homens pobres e desesperados que dão a vida por pouco, que gastam os corpos pelas esquinas afiadas da cidade e à noite se deitam nas suas entranhas.
Quem acorda na cidade desculpa-se por ter dormido. Lá fora há já multidões que correm atrás de uma coisa qualquer que lhes diga que existem. O direito ao nome ganha-se a cada dia e não é certo, nada é certo nesta cidade. O tempo, o pouco tempo de alguns, é o avanço de quem chegou primeiro e não chega para terminar um cigarro.
Quem não sabe para onde ir vai indo sem saber para onde. A cidade empurra, a multidão empurra, a fome empurra, o desejo empurra. Quando alguém pergunta “quem és?” está na realidade a perguntar “o que fazes?”, a resposta deve ser rápida e sem hesitações, um verbo e um substantivo. Daí se escolhem afinidades ou a indiferença, nesta cidade um homem é uma máquina de fazer coisas, um verbo, uma função que prescinde de tudo o resto.
[in No meu peito não cabem pássaros, romance de estreia de Nuno Camarneiro, D. Quixote, 2011]
Break Through From Your Mold By Zenos Frudakis in Philadelphia, Pennsylvania, USA.
2015
Como é que te vou ouvir se és mudo? Não te preocupes; cá me arranjo. Aprendi a ouvir as palavras que não se dizem; e a ler as que se formam na cabeça e juramos não prenunciar. Imagina simplesmente que falas, e eu ouvir-te-ei. Pensa que falas, e falarás. Confias em mim?
(Testumunho de um judeu assasinado, Elie Wiesel)
(Testumunho de um judeu assasinado, Elie Wiesel)
Para onde vão os guarda-chuvas, Afonso Cruz
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