Não foi à toa que Adélia Prado disse que “erótica é a
alma”. Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é
erótico pelos mundos que andam nele. A erótica não caminha segundo as
direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras. Não existe
amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de
fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. Por
isso, Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se
pretende casar: “continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa
daqui a 30 anos?
Rubem Alves
Rubem Alves
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