Viver em paz é uma seca.
Viver não é paz.
Viver em paz é abdicar de viver. A vida, quando é pacífica, não é vida –
é uma recaída. Quem vive em paz vive uma vida adoecida. Uma vida caída e
recaída. Viver em paz é viver em quarentena. Viver não é em paz. Viver é
em pás. Pás, pás, pás. Viver é em pás. A euforia faz pás em ti. A
adrenalina faz pás em ti. E também, porque viver também tem de ser isso,
o medo, o pranto, o grito. E a pele na pele, e a boca na boca, e a mão
na mão. E o amigo que abraça o amigo, e o pai que abraça o filho. Pás.
Pás com força. Pás com tudo. Pás em tudo. O pás de uma onda que se
revolta no mar, o pás de um vento que te aperta o peito, de um olhar que
te deixa sem jeito. Pás. Viver é em pás. Viver só pode ser em pás. Pás,
pás, pás. E pás. Vive em pás. Sê em pás. Vai – e vem-te – em pás. E que
a vida te acompanhe.
Pedro Chagas Freitas
que bonito e real *
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